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A História da Astrologia: dos primeiros estudos aos tempos modernos

Conheça momentos marcantes da História da Astrologia, suas origens e mudanças

Por Astrolink em Astrologia básica

Modo claro

32 minutos de leitura

Quer saber como essas informações podem afetar sua vida?

A história da Astrologia nasce da busca pelo entendimento da relação entre as coisas do céu e da Terra. Os povos antigos procuravam olhar para objetos e situações reais e claras, presentes em seu cotidiano, para entender essas relações e, a partir daí, transformavam suas percepções em narrativas.

Desde a época em que as estações do ano eram representadas por imagens no Zodíaco, a Astrologia fala sobre como o mundo natural funciona. Isso inclui como as mudanças nas estações afetam nosso ambiente devido às forças da natureza, como o calor e o frio.

A Astrologia tem estudado essas coisas por muitos séculos e milhares de anos e ela olha para os sinais que vêm da natureza traçando uma correção com eventos celestes.

Foi no século 5 a.C. que surgiram os primeiros indícios de mapas natais, ou seja, do que hoje conhecemos como Mapa Astral individual. Eles eram feitos contendo informações de astros e de suas posições reais, de céus que se referem ao mundo observado e natural.

Considerações sobre o estudo da Astrologia ao longo do tempo

É importante citar que não existe um criador da Astrologia – pelo contrário, ela possui em torno de duas centenas de pais históricos, contando apenas do período do Helenismo, de 323 a.C para cá.

Isto pode significar que, para quem deseja de fato estudar Astrologia e construir um pensamento coerente considerando desde suas origens até os dias atuais, ao menos cinquenta títulos básicos são de leitura obrigatória.

Análogo aos estudos de filosofia, em que o pensador não pode deixar de tomar contato com as obras de Aristóteles e Platão - que estão há 2.400 anos da presente data -, o astrólogo que estuda apenas autores contemporâneos equivale a um filósofo que só estudou Carl Popper (sem nenhum menosprezo a autores contemporâneos, ou ao próprio Popper, que é um grande pensador).

O clássico "Astrologia Racional", do Dr. Adolfo Weiss, por exemplo, é, de fato, um clássico. Contudo, trata-se de um autor do século XX, o que leva ao questionamento: será que as obras antigas estão sendo esquecidas? Será que não têm mais valor para o estudo da Astrologia?

Note que essa reflexão não se trata de uma espécie de "apologia ao mofo", e sim da construção coerente do pensar astrológico em torno das estruturas de suas bases.

Se os posicionamentos dos astros, casas, aspectos, lunações, progressões e direções primárias funcionam e as utilizamos, quem as construiu? Não seria no mínimo um descuido de nossa parte deixar de estudá-los ou sequer saber como muitos estudiodos de peso enxergavam a Astrologia? Afinal, como podemos entender o pensar astrológico sem o domínio da História da Astrologia, mesmo que seja de superfície? Isto é algo a se pensar e refletir com carinho.

De qualquer forma, neste artigo, a proposta é revisitar a História da Astrologia, transitando por alguns períodos em que ela foi estudada e transformada de maneira relevante, fomentando a curiosidade por sua ancestralidade a partir do entendimento de que há ricos conhecimentos advindos de um passado distante.

livros representando o estudo da História da Astrologia

A História da Astrologia começa com os sinais naturais...

Os sinais (signos) naturais são observados há milênios, de forma praticamente óbvia. Sinais repetidos, como fogo e fumaça, por exemplo, tornam-se análogos, pois são muito regulares e frequentes. Assim, a presença de um denuncia a presença do outro. Desta forma, pode-se predizer.

A predição é a base do mundo do conhecimento. Podemos utilizar sinais na Medicina, na Botânica, na Astronomia, na Geometria, entre inúmeras outras áreas para criar uma relação lógica de sinais e, portanto, um conjunto de informações coerentes e repetitivas que se pode aprender e transmitir.

Neste sentido, a Astrologia, inicialmente, passou a relacionar os sinais celestes e terrestres, tanto no sentido coletivo quanto no individual.

... e esbarra nos sincretismos

Sincretismos são misturas, adaptações e combinações de estórias ou de parte delas para se adequarem a crenças religiosas ou políticas, na maior parte das vezes. Um exemplo são as religiões sincréticas, que misturam diferentes crenças.

O sincretismo pode ser observado no Helenismo entre a Astrologia e a mitologia grega, entre o judaísmo e a cultura egípcia, entre o catolicismo bizantino com o mitraísmo romano, nas mitologias das culturas greco-romanas e até mesmo entre o catolicismo e os cultos das nações africanas no Brasil.

O sincretismo é algo fascinante do ponto de vista das culturas, da história e das crenças dos folclores. Entretanto, também revela aspectos perversos, como a distorção de um saber, os enganos de uma mesma estória contada com nomes diferentes dos que as pessoas acreditam, as manipulações políticas e religiosas, as deformidades interpretativas, a iconotropia do sentido lógico, acabando, assim, por criar uma imensa dor de cabeça aos mitólogos, simbolistas e historiadores sérios que precisam se dedicar a desembaralhá-los.

Ao longo do tempo, foram usadas interpretações de estórias sem a verificação de sua veracidade ou clareza narrativa, com os repintes e arranjos sincréticos convenientes, o que não é recomendado. Ao longo da História da Astrologia,  isso foi, em parte, responsável por alçar o estudo a um patamar de descrença e confusão, fomentando uma legião de céticos e detratores que, vale pontuar, não estão de todo errados ao terem essa postura. A razão aos críticos reside no fato de que, ao misturar-se aos sincretismos,  a Astrologia se distanciou muito de suas origens ligadas aos sinais naturais.

Desta forma, sincretismos devem servir apenas para serem narrados e usados na arte, nas crenças religiosas, na poesia, na literatura, na construção de artefatos, entre outras aplicações, mas não como fundamentos da Astrologia.

estátuas de deuses em frente à Lua

Breve história da Astrologia

Aqui no Astrolink, prezamos pela transdisciplina e entendemos que, para conhecer a respeito de algo de forma mais profunda, diversos saberes precisam se cruzar, pois nada pode ser entendido unicamente a partir de si mesmo: tudo está interligado, sendo tal afirmação respaldada pela Cosmologia, em seu desbravamento pela composição e funcionamento do Universo.

Te convidamos então a fazer esta viagem pequena viagem no tempo com a gente rumo à uma breve história da Astrologia até aqui.

Primeiros estudos de Astrologia

Como já é conhecido, a Astrologia era parte importante de culturas ancestrais, que se valiam da observação dos astros para interagir com suas plantações, colheitas, navegações e guerras.

Na verdade, a Astrologia é uma Ciência de oito mil anos segundo o historiador Alexander Gurshtein, que datou o primeiro Zodíaco sistematizado já em doze signos à seis ou cinco mil antes de Cristo, de origem em Mohenjo Daro e na Suméria. Antes, Zodíacos de 8 signos também já podia ser vistos.

Era notável que a cinemática celeste influenciava a natureza e as pessoas, portanto, eventos começaram a ser determinados a partir da Astrologia, que evoluiu posteriormente para analisar também o nosso lado comportamental.

Atualmente o estudo prossegue, mas já temos milênios de dados para saber que determinadas forças invisíveis interagem e influenciam nosso comportamento, a natureza e outras situações aqui na Terra.

Esse "esquema cósmico, quântico e eletromagnético" é como uma tapeçaria de ondas e vibrações que envolve a tudo e a todos, permitindo fluxos constantes de energia.

Embora a Astrologia já tenha sido usada de forma distorcida e imediatista (o que serviu para arranhar um pouco sua imagem no último século), tal estudo continua sendo uma ferramenta providencial para nosso desenvolvimento.

Através dela, podemos entender melhor o que acontece internamente e ao nosso redor, nos tornando mais conscientes quanto a quem somos e o que podemos nos tornar.

Embora existam registros relativos a alguns estudos astrológicos de mais de 8 mil anos atrás, a astrologia como conhecemos começou a ser organizada e difundida com uma maior profusão há cerca de 5 mil anos a.C., mais precisamente pelos Sumérios na região da Mesopotâmia, que nos dias atuais corresponde à maior parte do Iraque e Kuwait, além de partes orientais da Síria e de regiões ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque.

Com invasões e conquistas, o conhecimento acabou sendo difundido para outras culturas e impérios, onde a Babilônia foi a grande responsável por reunir milênios de estudos, compilados em livros na grande biblioteca de Nínive.

Descobertas arqueológicas têm fornecido evidências de observações astronômicas desde a pré-história, onde o céu já era visto como tipo de mapa, relógio ou calendário antes mesmo de tais coisas existirem.

Asterismos

As primeiras observações inspiradas pela imaginação e criatividade humanas deram origem aos padrões encontrados em agrupamentos de estrelas e a isto deu-se o nome de asterismos. Existem diversos sistemas de asterismos desde os tempos mais remotos e partir destes, surgiram as constelações.

Há milhares de anos, diversos povos e comunidades associam narrativas mitológicas a estes agrupamentos de estrelas, das quais recebiam inspirações para um tipo de "teologia astral", aplicando-as às mais diversas religiões da história da humanidade. Muitas moradias e construções eram orientadas em alinhamento com constelações.

A contribuição dos Caldeus para a Astrologia

Mas, a Astrologia se desenvolveu de forma mais criteriosa na Mesopotâmia, com um conjunto de elementos classificados e organizados entre si com os povos da Babilônia, Pérsia, Suméria e Assíria, além dos Caldeus (povos semitas do sul da Mesopotâmia que habitavam na margem oriental do rio Eufrates). Para se ter uma ideia da importância da Caldeia na astrologia, basta dizer que, por séculos, os Caldeus eram chamados apenas de astrólogos.

Na região onde viviam, existiam grandes planícies, o que permitia uma observação perfeita do céu. A primeira noção de Zodíaco vem deles, que observaram que a Lua e o Sol atravessavam sempre as mesmas faixas do céu a qual chamavam de "Caminho de Anu".

Anu era o Deus assírio-babilônio do céu, também chamado de "An" na mitologia dos sumérios. Ele era descrito como o "rei das estrelas, dos espíritos e dos demônios", um ente que habitava o ponto mais alto do céu, julgando homens e outros deuses.  Também era tido como o pai dos Anunnaki, suposto grupo de divindades sumérias, acádias e babilônicas que se diziam ser o "povo vindo do céu".

Os sacerdotes Caldeus observaram também que 5 estrelas se moviam, enquanto as outras estavam paradas. Eram os planetas que conhecemos hoje e que também trilhavam o chamado Caminho de Anu, o círculo imaginário correspondente à aparente órbita do Sol em volta da Terra, que hoje nomeamos de eclíptica.

Em sítios arqueológicos na Índia com mais de 20 mil anos, foram encontrados fragmentos ósseos com marcas parecidas com tabelas de planetas. Isso dá indícios de que há milhares de anos o homem já tinha percebido que o nosso comportamento estava de alguma forma relacionado com o movimento dos astros e que o mesmo era cíclico.

imagem de sítios arqueológicos

A tapeçaria celeste - a origem dos mapas astrais

Quando os Sumérios começaram a viver na Mesopotâmia mais ou menos em 5.000 a.C., levantaram torres bem altas que serviam a vários propósitos. Além de depósito de alimentos e templos religiosos, também eram observatórios astronômicos.

Nessa época, a ciência ainda não era separada da religião e os templos eram os responsáveis por ampliar o conhecimento do povo, decidindo também o que - e de que jeito - revelar ou não alguma informação, por vezes tirando vantagem de eventos celestes para controlar as pessoas.

No Egito antigo, por exemplo, sacerdotes que detinham amplo conhecimento astronômico e sabiam quando eclipses iriam acontecer, utilizavam de tal conhecimento para atrelá-lo ao poder do faraó. Diziam que em determinado dia e hora, o céu ia ficar escuro a mando do faraó, com isso, criando e mantendo o mito de que tal figura de poder tinha comunicação direta com os deuses.

O conhecimento que os Sumérios acumularam nessa época foi roubado e compilado por Acádios, Hititas e Persas, que invadiram a região por volta de 3.000 a.C. Logo, as técnicas sumérias de observação astronômica foram incorporadas e a Babilônia se tornou a capital do Oriente Médio, estendendo sua influência por todos os povos e regiões próximas.

Entre aproximadamente 668 e 627 a.C., Assurbanípal, o último grande rei dos Assírios, mandou construir uma enorme biblioteca na cidade de Nínive, que passou a abrigar uma coletânea com obras em caracteres cuneiformes, que é uma escrita gravada inicialmente em tábuas de argila com auxílio de objetos em forma de cunha.

Estas tábuas foram as responsáveis por muito do que se sabe dos povos da Mesopotâmia e muitas dessas obras eram referentes à Astrologia.

Os mapas celestes (chamados efemérides) mais antigos são da época de Assurbanípal. Eram tábuas de movimentação dos planetas, obtidas através do conhecimento que, de alguma forma, possuíam dos ciclos planetários.

As efemérides traziam previsões como cheias de rios, melhores épocas para plantar e outros fenômenos da natureza. Podiam ainda prever catástrofes trazidas pelo homem, como guerras. Assim, a Astrologia da Babilônia era dedicada a prever eventos que causariam impacto na vida coletiva.

A astrologia influenciou tanto a Babilônia, que passou a se dedicar também aos indivíduos, com cálculos cada vez mais acurados.

Um dos mapas astrológicos mais antigos que existem é o do rei Sargão I da Babilônia (2.350 a.C), o que mostra como o estudo astrológico do indivíduo através da noção de Mapa Astral tomou importância e direcionamento.

Astrônomos surgiram e passaram a se dedicar ao estudo do céu. No século IV antes de Cristo, Kidinnu, um astrônomo Caldeu, conseguiu calcular quanto tempo a Lua levava para completar seu ciclo. Ele chegou ao resultado de 29 dias, 12 horas, 44 minutos, 3 segundos e 3 décimos de segundo.

Considerando as ferramentas que Kidinnu tinha na época (cerca de 2.400 anos atrás), podemos dizer que foi um feito incrível, já que a medição atual só corrige em centésimos suas projeções: ao invés de 3 segundos e 3 décimos, são 2 segundos e 87 centésimos de segundo.

Os gregos e a astrologia

A forma que a sociedade da Babilônia tinha de pensar e entender o mundo foi, aos poucos, sendo incorporada e substituída pelo pensamento grego. Isso aconteceu quando o macedônio Alexandre, o Grande, conquistou o Império Persa.

Mas engana-se quem pensa que o conhecimento dos Sumérios foi soterrado pelos pensadores gregos. Na verdade, os gregos herdaram, dos povos da Mesopotâmia o conhecimento sobre os planetas visíveis, as constelações do Zodíaco e também séculos de registros de observações astronômicas, inclusive sobre a ideia de predições a partir de movimentos planetários.

Platão, Sócrates e Aristóteles beberam da fonte babilônica, comungando da ideia de que tudo que existe está de alguma forma interligado, que uma lei universal rege tudo e todos em uma organização única.

Os pensadores gregos acreditavam ainda que os elementos: ar, terra, água e fogo eram a base dessa essa organização e sendo assim, posteriormente cada signo astrológico foi associado a um desses elementos.

Pitágoras, por exemplo, desenvolveu a numerologia, ciência que prega que a cada número está associado a um símbolo sonoro. Ele acreditava em uma relação mística da matemática com as coisas, além de ter a convicção de que a Terra era redonda.

História da Astrologia - contribuição dos gregos

O pensamento de Pitágoras influenciou outros filósofos gregos como Aristóteles e Platão, que acreditavam que tudo o que ocorria no mundo tinha relação com o movimento dos astros e planetas.

Há mais indicativos dessa fusão do pensamento babilônico com o pensamento grego. Um sacerdote caldeu chamado Berosus manteve uma escola de Astrologia na Grécia, por volta de 640 a.C. Ele escreveu um texto intitulado "Babiloníaca", em que difundia a Astrologia que seu povo havia desenvolvido.

Eudoxo, astrônomo grego, mediu o ano solar composto por 365 dias e 6 horas e propôs um modelo tridimensional com 27 esferas concêntricas à Terra. Heraclites, por sua vez, propôs que a Terra girava sobre o próprio eixo. Os gregos determinaram os pontos fundamentais na esfera celeste. Os gregos Meton e Eucatemón em 420 a.C. estabelecerem os equinócios e solstícios, ainda utilizando a tabela dos babilônios, sem precisão exata.

O grego Hiparco, um construtor, cartógrafo, matemático e astrônomo da escola de Alexandria (hoje Iznik, na Turquia), é considerado pai da trigonometria, sendo o primeiro astrônomo grego a insistir em precisões e fonte principal dos estudos de Ptolomeu. Usou sua tabela trigonométrica e o conhecimento dos babilônios nos seus estudos em astronomia. Também introduziu na Grécia a divisão da circunferência em 360 graus, melhorando algumas constantes astronômicas importantes, tais como a duração do dia e do ano.

Calculando melhor essas medidas de tempo, Hiparco conseguiu fazer previsões de eclipses solares e lunares com um grau de precisão jamais obtido antes (uma margem de erro de 6 minutos foi descoberta nos seus cálculos mais tarde).

Ao comparar as posições antigas, encontra a variação do ponto vernal e, como causa disso, descobre a precessão dos equinócios, mostrando que a cada ano o céu mudava de posição e que a cada 2 mil anos, aproximadamente, o equinócio da primavera atrasava 30 graus, mudando de signo, o que estabeleceu a noção de Era Astrológica.

Hiparco ainda dividiu o mundo em zonas climáticas, criou o primeiro astrolábio (que media a distância de qualquer astro em relação ao horizonte), além de inventar o sistema de localização através do cálculo da latitude e longitude.

Com um dispositivo que seria o percursor do teodolito moderno, confirmou que a distância das estrelas não era fixa na esfera celeste. A partir dessas observações, chegou à conclusão de que o plano que contém a órbita da Terra deveria ter se deslocado em sentido anti-horário.

Convencido de que a esfera celeste não era constante, Hiparco criou um mapa estelar, pois queria um catálogo onde pudesse registrar a luminosidade apresentada por cada estrela da sua época. A ideia era baseada na configuração dos astros que poderiam sofrer outras alterações além das periódicas, já conhecidas. Essas alterações talvez só tenham passado despercebidas por conta da lentidão com que se processavam.

Um exemplo interessante da sofisticação dos estudos gregos foi um objeto encontrado em ruínas, um dispositivo criado na Grécia antiga em aproximadamente 80 a.C e que hoje é considerado como o primeiro ancestral dos computadores astronômicos. Esse objeto consistia em uma engrenagem semelhante a um relógio, capaz de simular o movimentos dos planetas. Trata-se de um instrumento de bronze, conhecido como Máquina Anticítera.

Na mesma época, Roma começava a abrir suas portas para a Astrologia, iniciando o período em que esta ciência entrou em ascensão no Ocidente. Isso ajudou a aperfeiçoar as regras de interpretação do mapa individual. O Ascendente foi incluído no Mapa Astral de uma pessoa em 80 a.C., quando os gregos notaram que era importante incluir o signo que surgia no horizonte na hora que a pessoa nascia.

Neste ponto, incluiu-se também na Astrologia a noção de Casas Astrológicas, em que o céu foi dividido em 12 partes e o início era no Ascendente. A influência de cada planeta foi estabelecida, assim como o signo de seu domínio. Vale lembrar que na época apenas 7 astros móveis eram conhecidos.

A Astrologia egípcia também bebeu na fonte dos sumérios. A fusão das duas linhas de pensamento astrológico aconteceu quando Alexandre conquistou o Egito. A conquista se deu de forma pacífica, com a rendição egípcia, onde o atual faraó havia ouvido relatos de que o conquistador preservava a cultura e religião dos povos conquistados.

Aristóteles teve grande influência, pois o faraó levou em conta seus ensinamentos sobre a importância das ciências e da cultura dos povos. Quando Alexandre morreu, seus generais dividiram os territórios. Ptolomeu ficou com o Egito e se instalou em Alexandria, que se tornaria berço do conhecimento ocidental, transmitindo o conhecimento dos Sumérios para os povos do ocidente.

O auge e declínio da astrologia no Império Romano

Outro ponto importante da História da Astrologia se deu quando o Império Romano conquistou a Grécia. Foi em Roma que a Astrologia atingiu seu auge. Políticos proeminentes como Tibério, Augusto e os primeiros Césares abraçaram o conhecimento astrológico grego, passando a consultar a Astrologia para diversos fins.

Tibério, por exemplo, estudava o mapa astrológico dos seus rivais. O Imperador Augustus ordenou que se cunhassem moedas com seu signo e logo a Astrologia estava espalhada pelo povo. Os intelectuais romanos que influenciavam os nobres perderam espaço para os astrólogos e isso causou enorme furor entre os intelectuais, que declararam guerra contra a Astrologia.

Posteriormente, as culturas da Grécia e do oriente começaram a sofrer um declínio juntamente com a decadência do Império Romano. Foi justamente neste ponto da História da Astrologia que o estudo começou a virar superstição e os intelectuais da época iniciaram uma guerra contra ela, que logo ganhou a adesão da Igreja.

Igreja e a História da Astrologia

Em 1666, o Primeiro Ministro da França decretou que o estudo da Astrologia não seria mais praticado nas academias francesas. Antes dessa época, não existia diferença entre Astrologia e Astronomia, ambas significavam uma só coisa.

As referências astrológicas que existiam no Evangelho de Lucas e no livro do Apocalipse passaram a ser ignoradas pela Igreja. No Evangelho, por exemplo, os Reis Magos eram chamados de astrólogos.

Astrologia na Idade Média

Na História da Astrologia, Isidoro de Sevilha, arcebispo espanhol, foi um dos primeiros a querer separar a Astrologia da astronomia, no ano de 636 d.C., mas a separação oficial foi realizada no século XVI, com a substituição do sistema de Ptolomeu pelo sistema de Copérnico.

O olhar astronômico não exclui o olhar astrológico, apenas é importante notar que estas duas áreas de conhecimentos humanos, nascidas juntas, inclusive, se pautam em fundamentos diferentes e objetivos específicos a cada área.

E em dado momento histórico seguem cada qual os seus caminhos de especializações. Ainda que os astros e os movimentos cósmicos sejam considerados como pontos de referência no estudo do tempo e do espaço, a Astrologia está mais próxima das ciências humanas. A Astronomia, por outro lado, tem como objetivo e finalidade o estudo dos corpos celestes e não relaciona a concepção de tempo em analogia a comportamentos humanos, a princípio.

Com a separação feita entre Astrologia e Astronomia no ocidente, e a subsequente perseguição à Astrologia, a ciência só não foi praticamente enterrada por causa dos árabes e do Califado de Bagdá.

Bagdá era a capital da Astronomia no século X e a Astrologia era baseada na experiência e na observação, utilizada de forma prática para realizar previsões. A Astrologia árabe baseada em previsões (o maktub, ou seja, o que já estava escrito, tinha que acontecer) influenciaram a Astrologia mediterrânea.

O maior astrólogo árabe foi Albumazer, que teve seu livro de introdução à Astronomia traduzido na Espanha, no começo da Idade Média.

Nas universidades espanholas e italianas ainda havia cadeiras de Astrologia e há estudos que indicam que a cabala teve influência direta da Astrologia.

Havia outros defensores da Astrologia na Idade Média, espalhados por vários países da Europa. Santo Alberto Magno defendia que a Astrologia era uma ciência legítima e não aceitava a alcunha de "arte da adivinhação" que a Astrologia ganhou durante o declínio do Império Romano. Ele recuperou os ensinamentos de Aristóteles há muito esquecidos e a importância da ciência e filosofia dos árabes e gregos para a teologia.

Outros defensores foram Michael Scott em seu livro "Liber Introductorium" e Tomás de Aquino, que aproximou os conceitos cristãos da Astrologia.

Quanto à mistura da Astrologia com outras coisas mais abstratas, foi natural também que se sincretizasse a Astrologia com o "mundo mágico" no período Medieval, pois todos os saberes sofreram tal assédio.

Assim, neste momento, com a queda do conhecimento não somente geográfico assim como dos saberes de forma geral, a Astrologia emergiu junto às crenças, em muitos casos distorcidas e de fontes duvidosas, como era comum na época.

Neste mesmo período medieval (século V a XV), começam as primeiras relações do mundo natural com sobrenatural.

Talismãs, rituais mágicos entre outras dinâmicas estão presentes por exemplo no "Picatrix", um imenso tratado sobre magia e Astrologia do século XI. Da mesma forma, inúmeras relações mânticas começaram suas intersecções, assim como a relação da Astrologia com as alas místicas do neo Platonismo e o Pitagorismo.

Evidentemente, o misticismo judaico se junta a tudo isto e as influências recebidas dos pelasgos sobre os textos de composição do Torá se tornam igualmente utilizadas.

Uma das referências destas heranças podem ser vistas claramente nos "Três livros de Filosofia oculta de Cornélius Agrippa", um imenso tratado que nos apresenta uma Astrologia muito diferente da apresentada no Tetrabiblos de Ptolomeu.

Em 1.125, a Astrologia passou a fazer parte do currículo da Universidade de Bolonha. Lá, estudaram Dante Alighieri e Petrarca. Por conta de toda essa defesa e reconhecimento, os astrólogos passaram a ser chamados de Mathematici, pois a Astrologia era uma aplicação importante da matemática. Até os médicos eram chamados assim, pois utilizavam a Astrologia para auxiliar no tratamento de enfermidades.

Universidade de Bolonha
Foto: Douglas Davey

Mesmo assim, a perseguição à Astrologia e aos astrólogos continuou. Cecco d’Ascoli, por exemplo, que era professor de Astrologia em Bolonha, foi morto na fogueira em 1.327 por conta do que a igreja católica considerava ser "ideias hereges".

No Inferno da Divina Comédia, o autor Dante Alighieri expôs ao ridículo os astrólogos Michael Scott e Guido Bonatti, mas somente porque ambos misturaram outras coisas à Astrologia, como necromancia. Para Dante, eles abusavam do conhecimento astrológico que tinham recebido.

Astrologia no Renascimento

Na época do Renascimento a Astrologia passou a ser mais difundida e até a Igreja, por meio do papado, apoiou o estudo. Nomes como Galileu, Newton, Kepler, Tycho Brahe, Nostradamus e Paracelso estudaram e utilizaram a Astrologia de forma ampla.

Copérnico e seu trabalho sobre heliocentrismo foram ajudados tanto pelo astrólogo Reticus (que acrescentou um capítulo sobre Astrologia), quanto por Tyco-Brahe (médico e astrônomo), que ao observar com precisão a movimentação dos planetas conseguiu comprovar a teoria de Copérnico.

A obra de Kepler (que era assistente de Tycho-Braher) entitulada "Concerning the more certain fundamentals of astrology (1602)" mostra como a Lua, o Sol e os planetas exercem influência sobre as pessoas, suas vidas e o que acontece na Terra.

Poucas décadas depois, a Astrologia passou a ser novamente desacreditada, o que pode ser visto no livro de Isaac Newton "Diálogos astronômicos entre um cavalheiro e uma dama", que explica elementos da Astronomia, utilizações dos globos terrestres e a doutrina da esfera celeste.

Com a ruptura e brigas por poder nas Universidades entre o Racionalismo e o Humanismo, astrólogos interessados no conhecimento e não na política entre a objetividade e a subjetividade, se refugiam nos guetos ocultistas das Lojas de mistérios dos séculos XVIII, XIX e XX, enquanto da mesma forma, parte da Astrologia de raiz e renascentista à la Morin de Villefranche ou Ptolomeu é bem preservada.

Por outro lado, na História da Astrologia, surgem então as Astrologias reencarnacionistas, de planos de éter e sutis, de rituais de sublimação e aplacamento das forças celestes, dos talismãs revividos do Picatrix, assim como a reação da Astrologia com a magia, o tarot, a quiromancia, etc.

Um exemplo claro desta relação está nos textos de Aleister Crowley, membro da "Golden Dawn" - Ordem Hermética da Aurora Dourada. Crowley foi um influente ocultista britânico, criando inclusive um sincretismo entre Tarot e Astrologia.

Astrologia nos Tempos Modernos

Com a continuidade e alargamento dos pensares de exatas e humanas, e a formativa das disciplinas isoladas, o pensamento mais complexo da Astrologia não encontrou espaço nas Universidades, que ainda mantinham um rigor e zelo com o saber nos séculos XIX e XX.

Neste ambiente e no início do século XX, ainda carregado de um desejo do "mágico" e sem a presença do empirismo dominante nos meios acadêmicos, muitos pontos hipotéticos e sem um compromisso com os saberes astrológicos do passado, advindos da observação dos sinais naturais, começaram a surgir.

Como exemplo podemos encontrar as interpretações de Lilith, pontos andantes como pró-luna, os planetas hipotéticos de uma escola de Hamburgo, estudos de graus mágicos, de direções sem movimento cinemático, Vertéx, Lua fora de curso, entre tantas outras técnicas em que se misturam "o fundamentado na imaginação" e "o fundamentado pela mensuração e observação", pois nos mapas ainda continham também (felizmente!) os astros astronomicamente calculados.

Neste sentido, não existe nestes casos uma lógica entre o que é "observável e natural" e o que "é criado pela imaginação": ambos passaram a estar no mesmo degrau de validade, exatamente como se pensava por muitos no mundo medieval.

Tamanha se tornou a fenda lógica e a dificuldade em se entender o que era a Astrologia (pois sem a cosmologia e a Astronomia - áreas da física - outrora profundamente interligadas com o estudo), para muitos, a Astrologia nada tinha portanto de a ver com o céu, além de uma correspondência muito abstrata com as constelações.

Sem entender a função dos astros por conta do estrabismo lógico, alguns astrólogos expulsaram os astros da Astrologia.

Ao final do século XIX e até a década de 1930, o conhecimento da Astrologia havia sido resgatado dessa forma meio torpe e sincretizada. Por conta da introdução de novos planetas, ocorreu uma separação entre Astrologia tradicional e Astrologia moderna.

Essa mudança trouxe bastante controvérsia, já que astrólogos mais tradicionais refutam as bases da Astrologia moderna, considerando, principalmente, que houve uma sincretização e generalização da Astrologia antiga, visando simplificar esse campo de estudo para que ele fosse mais facilmente difundido.

Segundo os astrólogos tradicionais, isso levaria a uma prática mais comercialista, em que o esoterismo e adivinhação fazem vender jornais, revistas e outros serviços.

A Astrologia começou a ser difundida novamente em larga escala após meados do século XX. Com o avanço da tecnologia, cálculos antes complexos foram facilmente feitos por computadores, assim fazer um Mapa Astral ficou muito mais preciso e rápido. Antes eram necessários inúmeros cálculos feitos à mão para se descobrir o desenho do céu na hora do nascimento de um indivíduo.

Pesquisas modernas passaram a ignorar o conhecimento de culturas milenares e passaram a testar a Astrologia cientificamente, por meio de hipóteses que acreditavam ser verificáveis. Claro que os resultados dessas pesquisas foi sempre negativo, contribuindo para uma visão cada vez mais manchada da Astrologia.

Não ajudava também o fato dos astrólogos envolvidos nas pesquisas utilizarem a Astrologia moderna, ou seja, para eles, a Astrologia era um negócio.

Por outro lado, estudos com astrólogos que utilizavam a Astrologia tradicional nem sempre eram negativos. Esse pode ser um indicativo de que a Astrologia que é amplamente divulgada na mídia convencional sob uma forma mercantilizada e rasa está longe de ser validada, pois na maioria das vezes não é utilizada ou estudada à fundo, como nos séculos passados.

O conhecimento da Astrologia clássica ainda existe para quem quiser se aprofundar no assunto.

Não é possível acreditar incondicionalmente em horóscopos diários genéricos, publicados em revistas e jornais, pois eles levam em consideração apenas a posição do Sol nos signos. O Sol é apenas um, em meio a outras variáveis necessárias para a realização de um mapa astral.

Outro fator é que mesmo a Astrologia possuindo fundamentação matemática, o próprio indivíduo traz o elemento humano à receita, fazendo com que as informações obtidas sejam convertidas. Assim, os resultados sempre serão subjetivos e nunca uma verdade absoluta.

Relação da astrologia com a matemática


Um resumo dos recursos astrológicos básicos

Basicamente, na astrologia tradicional, leva-se em consideração a posição, interatividade e movimento de 7 astros distintos:

SOL ☼, LUA ☽, MARTE ♂, MERCÚRIO ☿, VÊNUS ♀, JÚPITER ♃ e SATURNO ♄.

Na moderna, adentram mais 3 no escopo:

URANO ♅, NETUNO ♆ e PLUTÃO ♇.

O ZODÍACO se baseia na eclíptica, uma esfera que divide o céu observável a partir da terra em 12 partes de 30 graus cada. Cada conjunto de 30 graus é relacionado a um signo.

Portanto, há 12 signos no Zodíaco, cunhados a partir de observações das estações / ciclos naturais e seus efeitos na terra:

Áries ♈, Touro ♉, Gêmeos ♊, Câncer ♋, Leão ♌, Virgem ♍, Libra ♎, Escorpião ♏, Sagitário ♐, Capricórnio ♑, Aquário ♒ e Peixes ♓.

Estes signos são divididos em POLARIDADES: seis signos são considerados como masculinos (de projeção exterior / ativa) e outros seis considerados femininos (de cunho interior / passivo):

Polaridade masculina: Áries ♈, Gêmeos ♊, Leão ♌, Libra ♎, Sagitário ♐ e Aquário ♒.
Polaridade feminina: Touro ♉, Câncer ♋, Virgem ♍, Escorpião ♏, Capricórnio ♑ e Peixes ♓.

Esses 12 signos, em estudos posteriores, foram associados também a 4 ELEMENTOS, formando então 4 grupos com 3 signos cada, chamados de TRIPLICIDADES (três signos compartilham cada um):

O FOGO, que representa ação e criatividade, associado a Áries, Leão e Sagitário;
A TERRA, que significa substância, estrutura e praticidade, associado a Capricórnio, Touro e Virgem;
O AR, que corresponde ao intelecto, transmissão e a comunicação, associado a Libra, Aquário e Gêmeos;
A ÁGUA, que simboliza a intuição, as emoções e a fluidez, associada a Câncer, Escorpião e Peixes.

Os signos também possuem 3 QUALIDADES: um signo pode ser CARDINAL, FIXO ou MUTÁVEL, grupo chamado de QUADRUPLICIDADES (quatro signos compartilham cada um):

CARDINAL: Áries, Câncer, Libra e Capricórnio.
FIXO: Touro, Leão, Escorpião e Aquário.
MUTÁVEL: Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes.

Por fim, todos os signos possuem um PLANETA REGENTE. Aqui há uma diferença entre os dois conceitos astrológicos - tradicional e moderno. Na astrologia tradicional, os planetas regentes dos signos são:

Áries –- Marte
Touro –- Vênus
Gêmeos -– Mercúrio
Câncer -– Lua
Leão -– Sol
Virgem –- Mercúrio
Libra -– Vênus
Escorpião -– Marte
Sagitário -– Júpiter
Capricórnio -– Saturno
Aquário -– Saturno
Peixes –- Júpiter

Já na astrologia moderna, há uma alteração na regência - ou são adicionados como co-regentes de alguns signos:

Escorpião -– Plutão
Aquário –- Urano
Peixes -– Netuno

Portanto, primariamente, ao ser evocado, um signo possui atributos básicos que futuramente são utilizados dentro do escopo matemático / psicológico da astrologia:

ÁRIES é um signo CARDINAL de FOGO regido por MARTE.
TOURO é um signo FIXO de TERRA regido por VÊNUS.
GÊMEOS é um signo MUTÁVEL de AR regido por MERCÚRIO.
CÂNCER é um signo CARDINAL de ÁGUA regido pela LUA.
LEÃO é um signo FIXO de FOGO regido pelo SOL.
VIRGEM é um signo MUTÁVEL de TERRA regido por MERCÚRIO.
LIBRA é um signo CARDINAL de AR regido por VÊNUS.
ESCORPIÃO é um signo FIXO de ÁGUA regido por MARTE.
SAGITÁRIO é um signo MUTÁVEL de FOGO regido por JÚPITER.
CAPRICÓRNIO é um signo CARDINAL de TERRA regido por SATURNO.
AQUÁRIO é um signo FIXO de AR regido por SATURNO.
PEIXES é um signo MUTÁVEL de ÁGUA regido por JÚPITER.

Por último, há também uma divisão de CASAS ASTROLÓGICAS no zodíaco. 12 casas, também divididas entre 30 graus. Cada casa corresponde a uma área específica da vida. Ao processar um mapa astrológico baseado no local, data e hora do nascimento ou acontecimento, consegue-se um apanhado de informações e coordenadas único.

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